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terça-feira, fevereiro 4, 2025
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Detran-SP Paralisa Leilões E Causa Colapso No Estado: Quem Vai Pagar A Conta?

por Altair Campos

Pátios superlotados, empresas quebrando, risco à saúde pública e milhões em prejuízo: a crise que o Detran-SP ignora

O caos tomou conta dos pátios de veículos apreendidos no Estado de São Paulo. Com mais de 350 mil veículos parados em 230 pátios, a inércia do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) na credenciação de novos leiloeiros e na realização de leilões frequentes tem desencadeado uma crise de proporções alarmantes. Pequenas e microempresas estão à beira da falência, o mercado ilegal de peças se fortalece e o risco de surtos de doenças como a dengue cresce exponencialmente.

A situação é crítica: do total de veículos apreendidos, 140 mil já estão cadastrados nos sistemas do Detran, mas continuam se acumulando devido à ausência de leilões suficientes para desafogar os pátios. O impacto é devastador para as empresas que administram esses espaços, pois sem os leilões, a receita é interrompida enquanto os custos fixos continuam a aumentar. O resultado? Endividamento crescente, demissões em massa e um colapso iminente no setor.

A resposta do Detran-SP ao problema tem sido considerada ineficaz , pois o leilão que aconteceu agora em janeiro de 2025 foi de 1.149 lotes de veículos conservados, sucatas aproveitáveis e materiais recicláveis. No entanto, especialistas apontam que essa ação está longe de solucionar a crise.

“A realização desses poucos leilões no final de janeiro é uma resposta tímida a um problema que cresce exponencialmente. É uma gota no oceano diante do mar de veículos acumulados nos pátios. É pouco, é tarde e o prejuízo só aumenta”, afirma Wilson Jorge Saraiva, presidente do SEGRESP (Sindicato das Empresas de Guincho e Resgate).

A lentidão do Detran-SP no credenciamento de novos leiloeiros é um dos principais pontos críticos. O último sorteio ocorreu em maio de 2022, quando 140 leiloeiros foram designados para atender a todos os municípios do Estado. No entanto, poucos efetivamente realizaram leilões, muitos por falta de experiência na área. Em novembro de 2023, uma nova normatização foi publicada pelo órgão, mas na prática, nada mudou. A morosidade nas decisões apenas agravou o problema. Desde julho de 2024, o Detran-SP propõe a realização de audiências públicas, mas até agora nenhuma reunião efetiva aconteceu.

A superlotação dos pátios segue em ritmo acelerado. Mensalmente, cerca de 15 mil veículos são apreendidos no estado, mas apenas 60% são resgatados pelos proprietários. Isso significa que aproximadamente 6 mil veículos continuam a se acumular a cada mês, tornando a situação insustentável.

A falta de leilões também tem levado à falência diversas empresas que operam os pátios de veículos apreendidos. Sem o fluxo de caixa gerado pelos certames, gestores se veem obrigados a contrair dívidas impagáveis, reduzir drasticamente o quadro de funcionários e, em alguns casos, fechar as portas. Enquanto isso, o mercado ilegal de peças cresce descontroladamente. Sem a oferta de veículos legalizados para desmonte, aumenta a demanda por peças de origem duvidosa, muitas vezes provenientes de carros roubados, alimentando o crime organizado e prejudicando lojistas que atuam dentro da legalidade.

O impacto não é apenas econômico, mas também um grave problema de saúde pública. Veículos abandonados acumulam água da chuva, tornando-se criadouros ideais para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Embora algumas empresas adotem medidas de controle, como dedetização periódica, o volume de automóveis nos pátios torna impossível eliminar completamente o risco de surtos da doença, especialmente em áreas mais vulneráveis.

O Estado também sai perdendo. Quando um veículo é leiloado, as dívidas de IPVA, licenciamento e multas são quitadas, gerando receita para os cofres públicos. A paralisação dos leilões impede essa arrecadação, comprometendo investimentos em infraestrutura e serviços essenciais. Além disso, milhares de empregos em setores como oficinas mecânicas, revendedoras de automóveis e recicladoras estão sendo diretamente afetados pela crise.

“Os leilões dão oportunidade para que famílias adquiram veículos a preços acessíveis. Sem eles, essa oportunidade desaparece, prejudicando toda a cadeia econômica”, alerta Marcos Souza, empresário do setor de autopeças.

A pergunta que fica é: até quando o Detran-SP vai ignorar a gravidade dessa situação? Para o presidente do SEGRESP, cada dia de atraso agrava ainda mais a crise, prejudicando não só empresas e cidadãos, mas também o próprio Estado. “Só existe uma saída: o Detran-SP precisa acelerar o credenciamento de novos leiloeiros e organizar certames em massa imediatamente”.

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