Denúncia endereçada ao Ministério Público, Polícia Federal e ANM aponta continuidade do garimpo ilegal em áreas tituladas e menciona indícios de favorecimento político.
Empresas que atuam legalmente no setor mineral do Pará voltaram a denunciar o avanço de garimpos ilegais e o silêncio das autoridades. Em ofício datado de 6 de outubro de 2025, a RMB Manganês Ltda. e a Recursos Minerais do Brasil S/A, comunicaram ao Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Polícia Federal, SEMAS/PA, INCRA e Agência Nacional de Mineração (ANM) a existência de extração irregular de manganês e ouro nas áreas do Projeto Sereno, em Curionópolis, Eldorado dos Carajás e Marabá.
No documento, a RMB afirma que mesmo após operações conjuntas da PF e da ANM, que resultaram na desmobilização de frentes de lavra clandestinas, pelo menos quatro pontos de garimpo seguem em plena atividade, incluindo o Garimpo do Macarrão, o Garimpo do Joãozão, o Garimpo do Paraíba e o Garimpo do Xexéu, conforme minuta obtida por esta reportagem. A empresa alega violação aos arts. 54 e 55 da Lei 9.605/1998 (crimes ambientais) e ao art. 2º da Lei 8.176/1991 (usurpação de bens da União), pedindo “providências urgentes”. Além do ofício, a reportagem teve acesso a mensagens supostamente encaminhadas por Samuel Borges, representante do Grupo RMB, nas quais ele descreve a existência de “uma cadeia ilegal estruturada” envolvendo transportadores, portos e operadores políticos.
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Em outra troca de mensagens, Borges faz referência a apoio político de figuras locais e estaduais, afirmando que a continuidade das atividades ilícitas se sustentaria por “apoio disfarçado de omissão”. Segundo nossa fonte, Borges teria encaminhado a foto a seguir da deputada federal Renilce Nicodemos (MDB-PA) ao lado de empresários locais que operariam garimpos irregulares, mencionando aproximações políticas e apoio indireto às atividades denunciadas:
Não há, até o momento, qualquer comprovação oficial de envolvimento direto da parlamentar nas atividades de garimpo ilegal, nem investigação formal aberta contra ela.
Em outras mensagens, Borges afirma que moradores da Vila Alto Bonito, em Curionópolis, relataram que máquinas pesadas operam à noite em postos de gasolina e pátios privados, sem fiscalização.
Alguns afirmam que milícias armadas garantem a segurança das frentes de lavra, intimidando empresas legalizadas e funcionários.
Entre os nomes citados pela comunidade estão “Macarrão”, “Paraíba”, “Alexandre” e “Toninho do Carvão”, apontados como operadores experientes do garimpo clandestino, alguns deles já conhecidos das autoridades policiais.
O episódio expõe o contraste entre o discurso ambiental defendido em fóruns internacionais e a realidade amazônica brasileira. Enquanto líderes mundiais debatem metas de descarbonização e sustentabilidade na COP, comunidades inteiras convivem com a degradação ambiental, a conivência institucional e o avanço de redes ilegais de mineração.
O licenciamento ambiental do Projeto Sereno da RMB sob o número do processo SEMAS 2018/0000037075, por exemplo, segue sem uma definição na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, mesmo após a audiência pública realizada com a população local, que apoia o estabelecimento do projeto
